quinta-feira, 19 de maio de 2011

Anneliese Michel - Biografia


Anneliese Michel nasceu em Leiblfing a 21 de Setembro de 1952 e faleceu em Klingenberg am Main a 1 de Julho de 1976. Esta jovem alemã proveniente de família católica, acreditava ter sido possuída por uma legião de demónios, e foi submetida a uma intensa série de sessões de exorcismo pelos padres Ernest Alt e Arnold Renz em 1975 e 1976.
O Caso Klingenberg, como passou a ser conhecido pelo grande público, deu origem a vários estudos e pesquisas, tanto de natureza teológica como científica, e serviu de inspiração para os filmes O Exorcismo de Emily Rose, dirigido pelo cineasta Scott Derrickson, e Requiem, dirigido pelo polémico cineasta alemão Hans-Christian Schmid.
Anneliese experimentou o que é reconhecido por profissionais médicos como graves distúrbios psiquiátricos a partir dos 16 anos de idade até à sua morte, aos 23 anos, de desnutrição secundária e doença mental. Depois de vários anos de tratamento psiquiátrico ineficaz, ela recusou-se ao tratamento médico e solicitou um exorcista. As graves consequências atribuídas ao ritual de exorcismo sobre a jovem motivaram a abertura de um processo criminal pelos promotores de justiça locais contra os pais de Anneliese e os padres exorcistas, causando uma grande polémica em toda a Europa e dividindo a opinião pública mundial. Ambos os padres que realizaram o exorcismo e os pais de Michel foram condenados por homicídio negligente porque não procuraram tratamento médico. Teve o seu primeiro ataque epiléptico em 1969.
Sobre tratamento psiquiátrico Anneliese começou a ter alucinações enquanto rezava, ouvia vozes que lhe diziam que ela estava amaldiçoada. Em 1973, Anneliese sofria de depressão e ponderou, até mesmo, o suicídio. Cada dia que passava o seu comportamento estava cada vez mais alterado, andava nua pela casa, fazia necessidades em qualquer lugar, rasgava as próprias roupas, comia insectos, como por exemplo moscas, aranhas inclusive comia carvão e chegou mesmo a lamber a própria urina.
Entretanto Anneliese foi admitida no hospital psiquiátrico, mas a sua saúde não melhorou, antes pelo contrário, entrava cada vez mais numa depressão profunda.
Em Junho de 1970, Michel sofreu uma terceira convulsão no hospital psiquiátrico e foi-lhe receitado pela primeira vez anti-convulsionantes, mas não trouxe alívio imediato aos sintomas de Mitchel, e cada vez mais desacreditava na medicina e decidiu então recorrer à igreja através do exorcismo. Foi- lhe receitado várias drogas usadas em tratamentos de psicoses, incluindo a esquizofrenia e distúrbios de comportamento.
Em Novembro de 1973, Michel iniciou o tratamento com Tegretol (carbamazepina), que é uma droga antiepiléptica
No verão do mesmo ano, os pais de Anneliese foram até à paróquia local solicitando aos religiosos que submetessem a sua filha ao ritual de exorcismo. A princípio, o pedido foi negado, uma vez que a doutrina da Igreja Católica com respeito a essas práticas é muito restrita. Segundo a Igreja, entre outras coisas, os possuídos devem ser capazes de falar línguas que nunca tenham estudado, manifestar poderes sobrenaturais e mostrar grande aversão aos símbolos religiosos cristãos.
Algum tempo depois, o padre Ernst Alt, considerado um perito no assunto, conclui que Anneliese já reunia as condições suficientes para a realização do exorcismo, de acordo com os procedimentos prescritos no Rituale Romanum.
Por essa época, Anneliese já tinha assumido um comportamento cada vez mais irascível. Ela insultava, espancava e mordia os outros membros da família. Anneliese podia ser ouvida a gritar durante horas na sua casa, enquanto quebrava crucifixos, destruía imagens de Jesus Cristo. Ela também cometia actos de automutilação, tirava as suas roupas e urinava pela casa com frequência.
Em 1974, após acompanhar de perto o comportamento de Anneliese, o padre Ernest Alt finalmente decidiu solicitar permissão ao Bispo de Würzburg para realizar o exorcismo e a permissão foi concedida.
Após efectuar uma exacta verificação da possessão (Infestatio) em Setembro de 1975, o Bispo de Würzburg, Josef Stangl, autorizou os padres Ernest Alt e Arnold Renz a realizarem os rituais do Grande Exorcismo, cuja base é o Rituale Romanum, que ainda era, à época, uma lei canónica válida desde o século XVII.
No rito do exorcismo o padre deve ter um crucifixo e uma Bíblia, para poder utilizar as palavras ditas por Jesus Cristo com precisão. Deve fazer o sinal da cruz, abençoar a pessoa possuída e aspergir sobre ela água benta. O padre então ordena com fé e firmeza que o demónio deixe o corpo do possesso e ora pedindo pela salvação da vítima em nome de Jesus Cristo. As orações denunciam a acção maléfica de Satanás e rogam pela misericórdia de Deus. Normalmente, os padres levam o possesso para uma igreja ou capela, onde podem realizar o rito reservadamente, apenas com a presença dos familiares. As sessões de exorcismo não têm um prazo de duração específico, podendo se estender durante horas, dias ou meses.
No caso de Anneliese, as 67 sessões de exorcismo que se seguiram, numa frequência de uma ou duas por semana, prolongaram-se inicialmente por cerca de nove meses, durante os quais ela, muitas vezes, tinha que ser segurada por até três homens ou, em algumas ocasiões, acorrentada. Ela, também, lesionou-se seriamente os joelhos em virtude das genuflexões compulsivas que realizava durante o exorcismo, aproximadamente quatrocentas em cada sessão.
Nas sessões, que foram documentadas em quarenta fitas de áudio para preservar os detalhes, Anneliese manifestou estar possuída por, pelo menos, seis demónios diferentes, que se autodenominavam Lúcifer, Caim, Judas, Nero, Hitler e Fleischmann.
Todavia, o Rituale Romanum, assim como o tratamento com psicotrópicos, também não surtiu o efeito desejado.
Em 1 de Julho de 1976, no dia em que Anneliese teria predito sua libertação, morreu enquanto dormia. À meia-noite, segundo o que afirmou, os demónios finalmente a deixaram e ela parou de ter convulsões. Anneliese foi dormir exausta, mas em paz, e nunca mais acordou, falecendo aos 23 anos de idade. A autópsia considerou o seu estado avançado de desnutrição e desidratação como a causa de sua morte por falência múltipla dos órgãos. Nesse dia, o seu corpo pesava pouco mais de trinta quilos.



Até à próxima dentada, R.I.P…

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